HMB
HMB: A Alma da Soul Portuguesa
Se existe uma banda que consegue juntar a soul, o groove do funk e o melhor R&B cantado em português essa banda é sem dúvidas os HMB.
Com quase 20 anos de concertos por esse país, os HMB são um caso raro de talento e coerência artística que não tiveram de mudar de estilo para conseguir confirmar não só no topo das playlists como construir uma carreira ao vivo, com concertos de norte a sul.
Entretanto, passaram por concursos, foram nomeados em muitos prémios nacionais e internacionais e estiveram presentes nos grandes festivais nacionais. Os “HMB” são assim. Sem necessitar de grande publicidade valeram-se nos últimos 20 anos da sua boa música e uma excelente presença em palco. Mas nem tudo foi assim tão fácil.
Como Tudo Começou: Da Igreja ao Palco
Hoje em dia já poucos grupos começam na garagem, até porque as grandes cidades não têm garagens que coubesse uma banda completa. Muito menos os HMB. Mas o começo deste grupo foi mesmo numa igreja evangélica.
O grupo nasceu oficialmente em 2007 quando um grupo de amigos fez um projeto de sol e r&B português. O nome HMB surgiu das iniciais de “Héber Marques Band”, o nome do vocalista e cara mais visível do conjunto. Mal sabiam eles que um nome que foi inventado à pressa num bar seria sigla de muito sucesso por todo o país.
No entanto, a parte da igreja evangélica não foi ao acaso. Héber Marques é filho de pastores evangélicos tendo crescido no meio da música cristã e coros gospel. E embora que este género musical não seja tão popular em Portugal como é noutras localizações como nos Estados Unidos ou no Brasil, pouco a pouco a espiritualidade de algumas letras e a entrega emocional valeram aos HMB uma grande vantagem face a outros grupos.
Até meados da sua carreira, ensaiavam na Comunidade Cristã de Lisboa, no Cacém, entendendo que as suas raízes devem ser respeitadas, e nada melhor que ter acesso às suas origens de fé, de comunidade tornando tudo um ser vivo com as suas músicas.
Soul com Sotaque Português
Mas o que torna os HMB diferentes de muitos outros grupos que todos os dias vão surgindo? Eles cantam soul, em português. É algo raro, mas bastante apreciado pelo público dos 8 aos 88. É aquele género de música boa para se ouvir em família que não escandaliza ninguém.
HMB soa a natural, sem traduções forçadas ou adaptações de um artista nacional. É música orgânica, sem ter vergonha da língua de Camões. Aqui não há a necessidade de cantar em inglês para tentar a internacionalização como tantos outros grupos tentaram e falharam.
No primeiro álbum lançado em 2012, temas como “Dia D” ou “Talvez” mostraram que esta banda não estaria por cá só para um ou outro sucesso. A simplicidade das suas letras sobre amor e esperança, levava a que muitos se identificassem com os temas. A novidade foi o bastante para acender o rastilho de queremos conhecer mais temas de um grupo que começava a passar nas rádios e a ser identificado no Shazam.
“O Amor é Assim” foi outro dos temas que tornou os HMB mais conhecidos ainda desta vez em colaboração com a fadista Carminho. Hoje em dia é bastante natural fundir estilos bastante diferentes de música, mas nesta altura cruzar a soul com o fado foi um golpe de mestre, tendo ganho o Globo de Ouro de Melhor Música em 2016 com este tema.
Não São Só Bons — São Reconhecidos
Mas uma coisa ter apenas talento, outra coisa é esse talento ser reconhecido pelo público e pelos pares, e os HMB também conseguiram isso.
Para além de terem conquistado o seu primeiro globo de ouro em 2016, a banda foi reconhecida por várias vezes com nomeações para o prémio Best Portuguese Act nos MTV Europe Music Awards (2014, 2016 e 2017). Tocaram por várias vezes em festivais internacionais e estiveram por exemplo no Rock In Rio Brasil.
Várias foram as digressões feitas nas comunidades lusófonas, tendo passado por países tão diferentes como Brasil ou Macau. É de reconhecer a importância destes feitos para um grupo que começou passo a passo desde a sala da igreja para os grandes palcos internacionais.
A Primeira Década: Uma Festa à Altura
Em 2018, a festa da primeira década de existência do grupo foi marcada por um grande concerto no Campo Pequeno. E este não foi apenas um concerto, mas uma homenagem aos primeiros 10 anos de existência do grupo.
É difícil para um grupo português com a concorrência que hoje em dia existe, manter-se a lançar sucessos todos os anos, mas os HMB no seu alinhamento já contarão provavelmente com mais de 10 temas bastante reconhecidos pelo público em geral.
E Agora? Agora Vêm os “Arquivos”
Ao contrário de muitos grupos na atualidade que lançam um álbum novo a cada dois ou três anos com uma compilação de vários singles lançados nas plataformas digitais, os HMB decidiram inovar.
Em 2025, lançaram “Arquivos” uma coleção de 12 EPs com gravações ao vivo feitas nos últimos 15 anos.
O primeiro volume trouxe seis faixas gravadas no Music Box, em Lisboa, decorria o ano de 2011. É como viajar no tempo e regressar ao início da banda num tempo em que o público ainda não conhecia bem o grupo.
Um Som Que Fica
Os HMB ao longo dos últimos 20 anos vieram criar uma nova identidade de estilo na música portuguesa. Portugal que nos últimos 30, 40 anos, teve pop, rock, fado hip hop e pouco mais recebeu de braços abertos este novo estilo musical que podia ser ouvido por toda a família e não fere os ouvidos de ninguém.
Sempre que ouvimos HMB pudemos entender a música de uma forma diferente de acordo com as nossas vivências o que torna esta música ainda mais especial.
Se Nunca os Viste Ao Vivo…
Com centenas de concertos por todo o país, será muito difícil que nunca tenhas ouvido pelo menos uma música de HMB ao vivo. A sua presença em palco é contagiante, e é difícil sair mal de um concerto dos HMB.
Mas se por alguma razão nunca viste o grupo, nada melhor que ver a sua agenda e entender qual poderá ser a próxima oportunidade de ver os HMB ao vivo. Certamente que vais assistir a um excelente espetáculo e vais querer ver a Héber Marques Band novamente.