Os Quatro e Meia
Uma brincadeira que se tornou caso sério
E se de um mero improviso, e de uma brincadeira, um caso sério de sucesso e fama for criado? Foi mais ou menos que “Os Quatro e Meia” surgiram. Sem grandes pressas nem pretensões começaram palco a palco, concerto a concerto, a ganhar um grande destaque nacional, ganhando prémios e fama por todo o país.
Um grupo improvável… ou talvez não
Tudo começou quando em 2013, um grupo de amigos universitários juntou-se para tocar num espetáculo de angariação de fundos para uma escola de dança. Com aulas, exames, o tempo para ensaios e a ambição não era muito por isso seria o que deu quisesse.
Mas para surpresa de todos, a atução única levou a uma química que não deu para ignorar. A recepção do público foi bastante boa, e começaram a surgir outros convites. E como quem não quer a coisa “Os Quatro e Meia” começaram a tomar forma.
O nome, que nada tem a ver com a “hora Coca Cola Light”, nasceu de uma piada. Eles eram cinco sendo que um era muito mais baixo que os restantes. Então surgiu o “Quatro e Meia”. O nome pegou e mesmo quando o sexto elemento entrou, mantiveram o nome e a história. Não fazia sentido mexer algo que já fazia parte da identidade do grupo.
Da academia para os palcos maiores
Todos os membros do grupo têm formação superior em áreas que nada têm a ver com a música. Podemos encontrar um Engenheiro, um arquiteto, um economista e mesmo dois médicos no grupo, mas todas as profissões ficaram em Stand-By pelo sucesso que começaram a ter os Quatro e Meia. Nenhum deles pensou viver da música a tempo inteiro, mas em Coimbra de onde são naturais, o ambiente de tunas, serenatas, acabou por lhes moldar o ouvido e o coração.
Tiago Nogueira e Ricardo Liz Almeida, ambos vocalistas e guitarristas, formam o eixo central da banda, complementados por João Cristóvão Rodrigues no violino, Mário Ferreira nas teclas, Pedro Figueiredo na percussão e Rui Marques no baixo. Todos passar por tunas académicas, o dá para sentir não só pela presença em cima de palco como também nas harmonias vocais e nos arranjos.
Pop português com sotaque de Coimbra
É difícil encaixar a sonoridade d’Os Quatro e Meia nas tradicionais caixinhas dos géneros musicais. Mas eles misturam o pop, com um pouco de folk, sem esquecer a piscadela ao rock ou mesmo hip hop. Os seus gostos musicais, levaram a que nesta mescla de géneros musicais cresceram canções que não tão vinculadas ao género musical A ou B.
O humor ou a melancolia subtil são dois dos ingredientes importantes das músicas d’Os Quatro e Meia, um pouco natural de estudantes conimbricenses que levam a vida solta, mas que um dia têm de ser adultos. “Sentir o Sol”, “P’ra Frente é que é Lisboa” e “Na Escola” mostram essa naturalidade que os fãs gostam levando nas suas letras pequenas crónicas que todos nós nos revemos.
O público sente-se mais próximo destas histórias quando os Quatro e Meia falar da cidade que os acolhe, das memórias de infância, ou dos amores que ficam a meio. Não são pioneiros neste género, uma vez que contemporâneo aos Quatro e Meia temos Miguel Araújo a cantar um pouco destas crónicas musicais.
Álbuns que contam histórias
O primeiro disco foi “Pontos nos Is” (2017) tendo sido um grande sucesso. Sem muito apoio das rádios comerciais, os temas chegaram no boca-a-boca, redes sociais e nas actuações ou vivo que começaram a ter.
O segundo álbum “O Tempo Vai Esperar” surge três anos depois com uma produção mais refinada, tendo tido um destaque completamente diferente pelos meios de comunicação.
Três anos depois lançam o seu primeiro registo ao vivo “Ao Vivo no Estádio Cidade de Coimbra”. Algo que cada vez menos se faz na música portuguesa, os Quatro e Meia gravaram o seu concerto no Estádio de Coimbra para mostrar que os seus fãs sabiam cantar os seus temas em uníssono. É arrepiante.
Participação no Festival da Canção
Em 2022, Os Quatro e Meia participam no Festival da Canção com o tema “Amanhã”. Ficam em segundo só perdendo para o tema “Saudade Saudade” de Maro.
Prémios, aplausos e aquela coisa chamada reconhecimento
Em 2023, ganham o Globo de Ouro para Melhor Música como o tema “Na Escola”, uma canção que mistura saudade e crítica social. Mas os prémios não ficaram por aqui tendo ganho o Prémio aRi[t]mar Galiza e Portugal com o mesmo tema. Os prémios valem o que valem, mas para muitos estes são importantes na altura de contratar uma banda para um festival. Para além destes, os Quatro e Meia já foram nomeados por várias vezes para os nossos grammys nacionais: os Prémios Play.
Festivais, multidões e pés cansados
Para todos aqueles que já viram os Quatro e Meia ao vivo, sabem que é bom ver o grupo durante quase duas horas de concerto. E pouco a pouco eles vão começando passando por muitos dos mais importantes palcos em Portugal.
Entre festivais podemos nomear o MEO Marés Vivas, EDP Cool Jazz, Festival do Crato ou Sol da Caparica. Festas e concertos noutros locais, já superam mais de duas centenas, sendo um dos grupos nacionais com mais convites depois da popularidade que atingiram.
Estilo sem vaidade
A imagem da banda é algo que os distingue no panorama nacional. Num país onde os bad boys são adorados o aspecto trazem à memória o estudante tímido mas encantador que nos está ali para agradar. Bem vestidos, não precisam de blink blink para trazerem atrás deles um grupo de fãs que todos os dias aumenta a olhos vistos.
Futuro
O futuro deste grupo que rapidamente se tornou um fenómeno só a eles diz respeito. Será muito difícil tão cedo voltarem às suas profissões, até porque alguns deles nunca as exerceram.
Continuaremos a ter novas músicas para ouvir, sempre com o toque de nostalgia, com um sorriso nos lábios. No entanto, por mais que seja confortável ouvir as playlist com os maiores sucessos dos Quatro e Meia, nada melhor que os ver ao vivo. Fica o convite.