Resistência
Um Supergrupo Português em Formação
O primeiro projeto que deu origem aos Resistência começou pela orquestração de temas conhecidos da música nacional, mas com uma vertente mais acústica.
Foi em Lisboa, na Feira do Livro de 1989, que o primeiro passo foi dado por parte do mentor, Pero Ayres Magalhães, com as vozes mais conhecidas da música nacional da altura: Teresa Salgueiro (Madredeus), Anabela Duarte (Mler Ifer Dada) e Filipa Pais (Lua Extravagante).
Meses mais tarde, o projeto volta-se a reunir, mas desta vez já com um grupo de vozes totalmente masculino contando com Pedro Ayres Magalhães, Miguel Ângelo, Tim, Fernando Cunha e Olavo Bilac como núcleo principal, juntando-se músicos como José Salgueiro e Alexandre Frazão na bateria e percussões, Rui Luís Pereira (Dudas) e Fredo Mergner nas guitarras e também Fernando Júdice e Yuri Daniel no baixo.
Na altura, todos estes artistas tinham dezenas de concertos por ano com os Xutos e Pontapés, Delfins entre outros, mas este projeto era diferente. Era muito mais que uma banda, mas sim uma união entre os artistas algo que era essencial num Portugal pós-25 de Avril.
“Palavras ao Vento” — o Primeiro Álbum (1992)
O primeiro disco do grupo “Palavras ao Vento” foi um fenómeno nacional. Com versões dos principais grupos nacionais, temas como “A Noite” dos Sétima Legião, “Não Sou o Único” dos Xutos e Pontapés ou “Nasce Selvagem” dos Delfins foram temas que ganharam uma nova força. E atenção que estes temas já eram icónicos na altura nas versões originais.
O álbum atingiu a dupla platina algo que era bastante notável na época em que a música portuguesa lutava por espaço nas lojas e nas rádios nacionais.
Segundo Álbum: “Mano a Mano” (1993)
No final de 1992, surge o segundo disco “Mano a Mano”. A fórmula que tinha sido acertada, mas a união mantinha-se e o público correspondeu. Temas como “Timor” dos Trovante, ou “Um Lugar ao Sol” ou “Aquele Inverno” dos Delfins, são temas que ajudam o disco a ser mais um sucesso de vendas.
Concertos Memoráveis e Digressões Épicas
Entre 1992 e 1995, os Resistência encheram salas por todo o país. Os concertos eram encontros emocionais entre o grupo e os seus fãs. Mais do que um simples concerto, era um reencontro com a verdade aceção da palavra grupo. Ali em cima do palco, estavam alguns dos artistas com os seus respetivos egos, mas que durante duas horas estavam ali com o sentido de partilha.
Um dos concertos mais memoráveis neste período foi o Coliseu de Lisboa em 1993 com o palco cheio de músicos sentados lado a lado e um recinto completamente cheio.
Os Resistência estiveram também presentes naquele que foi considerado o maior festival nacional com grupos portugueses “Portugal ao Vivo” realizado no dia 26 de Junho no Estádio de Alvalade.
O Silêncio
Em 1995, o grupo entra em silêncio, voltando cada um para os seus respetivos projetos. Afinal qualquer um deles fazia parte de grupos bastante reconhecidos no panorama musical.
No entanto, os discos dos Resistência continuaram, a vender, os temas continuaram a passar na rádio, por isso a Resistência mantinha-se
O Regresso Tão Esperado (2012)
Em 2012, os Resistência regressam aos palcos com dois concertos: um, no Campo Pequeno e outro no Multiusos de Guimarães, servindo para assinalar os 20 anos de estreia ao vivo dos Resistência.
O êxito foi tal que voltaram a reunir-se para duas datas no Porto, e para a reedição do Portugal ao Vivo, desta vez no Estádio do Restelo a 22 de Junho.
No ano seguinte participam num grande concerto na Expofacic de Cantanhede sendo uma das principais atrações deste festival.
“Horizonte” e o Regresso ao Estúdio (2014)
Em 2014, apresentam novamente um álbum “Horizonte” que marcava o retorno dos Resistência aos estúdios de gravação com temas do bau de Madredeus, Xutos, Delfins e dos Rádio Macau.
Um ano depois é lançado o CD e DVD ao vivo numa apresentação feita dos Resistência no Campo Pequeno a 17 de Dezembro de 2015.
Curiosidades e Momentos Memoráveis
Ao longo de mais de 30 anos de história muitos foram os momentos que marcaram a história deste supergrupo nacional. Muitos deles já tinham uma carreira cheia de sucesso, mas juntar-se entre pares foi algo que nunca tinha sido visto em Portugal.
Apesar da maior parte dos temas, serem de artistas residentes existiam temas de Zeca Afonso, António Variações ou Trovante que não tinham nenhum membro no grupo. Na segunda fase do grupo, temas de Jorge Palma ou dos Rádio Macau foram cantados pelos Resistência.
O já referido Portugal Ao Vivo foi talvez um dos maiores momentos da música portuguesa. E se no palco estiveram os maiores grupos de pop rock da altura, os Resistência era sem dúvida a representação do Portugal ao Vivo um pouco por todo o país onde existiam concertos dos Resistência.
Posteriormente os Resistência apresentaram-se no maior palco nacional, o Pavilhão Atlântico em 2020. Apesar de terem dado centenas de concertos por todo o país, é de mencionar que este palco foi um dos maiores por onde o grupo passou.
Legado
Foram muitos os eventos e supergrupos que surgiram depois dos Resistência. Normalmente ao contrário dos Resistência surge um supergrupo por uma ocasião especial ou para fazer uma digressão em honra e memória de um artista especifico como foi o caso dos Humanos, grupo que foi criado para homenagear os temas de António Variações.
Será bastante natural que outros supergrupos possam surgir no âmbito dos grupos que vão surgindo, mas dificilmente encontraram o mesmo apoio e sucesso como os Resistência tiveram numa altura em que era “mau” gostar da música portuguesa, mas que este supergrupo mostrou poder existir muito mais que rivalidade, mas harmonia entre vozes e guitarras com companheiros de música e da estrada.
Os Resistência foram uma prova que quando se juntam forças pode ser criado algo muito maior, e poder perdurar no tempo, não perdendo a importância dos elementos per si, mesmo quando estes elementos são alguns dos maiores cantores nacionais.