Festas da Aguçadoura 2025

Calor no coração quando chegam as Festas de Agosto
Sabes aquele cheiro a sardinha misturado com o som da banda filarmónica, a vir ao longe? Aquele clima de vizinhos nas ruas, enquanto os miúdos correm e as senhoras de mais idade colocar as colchas nas varandas. Pois… assim é na Aguçadoura.
Quem já esteve sabe que isto não apenas um evento no calendário mas é uma das mais importantes celebrações da freguesia.
Quando o mês de Agosto se aproxima, e o calor amor aumenta existe algo que também aumenta. A expectativa. A vontade de estar na rua, rever todos aqueles que voltam do estrangeiro, e continuar as tradições que nem sempre sabemos de onde vêm, mas que de algum jeito fazem parte de nós e nos esforçamos por que continuem. Por muitos e bons anos.
Onde tudo começou
A história das Festas da Aguçadoura tem raízes que se entrelaçam com a fé, a terra e o mar. Reza a tradição que a devoção à Nossa Senhora da Boa Viagem nasceu da ligação íntima entre o povo e o oceano.
Os homens iam para o mar mas nem sempre soltavam. As mulheres ficavam em terra a rezar, prometer e confiar para que todos os que fosse ao mar voltassem. A fé sentia-se no peito, nas mãos unidas à porta de casa e o olhar no horizonte esperando que os seus companheiros voltassem da faina. E quem levava as preces era Nossa Senhora da Boa Viagem.
Ao longo dos anos, a devoção foi crescendo e ganhado forma, e hoje mesmo que muitas profissões tenham mudado, e já existam muitas pessoas na Aguçadoura que não vão para o mar, a tradição continua devoção a Nossa Senhora da Boa Viagem.
Entre a fé e a festa: algo bem português
É curioso como em Portugal conseguimos misturar o sagrado com o profano de uma forma natural, quase instintiva. Na Aguçadoura isso vê-se bem.
Ao longo de vários dias é rezada a novena, existe a procissão de velas, e a majestosa procissão que normalmente sai da Igreja Paroquial, onde o andor de Nossa Senhora da Boa Viagem é o principal. Tradicionalmente enfeitado de flores percorre as principais ruas da Aguçadoura, existindo o silêncio respeitoso apenas interrompido pela banda filarmónica ou pela fanfarra de escuteiros que acompanha a procissão.
Ao longo do caminho, janelas abrem-se de par em par para ver a passagem da procissão, e mesmo quem não é religioso ou não têm a fé, gosta de viver quem passa. É a tradição.
Mas pouco depois no próprio dia da procissão, tradicionalmente no domingo, existem os maiores concertos de todas as festividades, existindo no final a grandiosa sessão de fogo de artificio.
É estranho a mistura de algo tão religioso com algo tão profano, mas o povo português é mesmo assim. Rezamos, oramos e depois festejamos.
Preparativos quase desde o Natal
Tal como muitas outras festas em Portugal, as Festas da Aguçadoura começam quase quando a edição anterior termina. As contas são apresentadas e a comissão de festas é eleita para num esforço comunitário as festas surgirem de novo no ano seguinte.
Organizar a festa não é fácil, até porque o dinheiro surge das árvores e a festa da Aguçadoura tem fama de ter sempre excelentes artistas no seu cartaz. Muito esforço tem de ser feito para que quando o cartaz é apresentado existir mais uma vez orgulho, e que o sucesso possa ajudar no ano seguinte.
O cartaz tradicionalmente é apresentado depois do Natal, sendo tradicionalmente composto pelo programa religioso e pelos festejos populares tradicionalmente encabeçados pelos concertos de grandes artistas nacionais.
A Festa: cheiros, sons e muito mais
Chegados os dias das festas, que normalmente acontece depois do terceiro fim de semana de Julho, e começa o reboliço. Ao contrário de muitas localidades onde a festa é um fim de semana, a Aguçadoura tem direito a uma semana de festa com arraial, bombos, fogo de artificio, concertos musicais e muito mais.
Os cheiros fazem-se notar nas ruas. E quais são os cheiros que nos relembram as festas. Talvez, bifanas ou sardinhas, farturas, churros, algodão doce… Isto tudo misturado com música popular, o dj do momento que passa som depois normalmente da meia noite quando muitos já querem dormir.
Mas o melhor da festa é o povo. Gente da terra que se revê na festa não só na parte da devoção mas também na diversão que é tão necessária na gente de trabalho.
Tradição e identidade
Isto é muito mais que uma festa. Não foi um festival qualquer que nasceu no meio das pedras, ou mais uma festa qualquer. É uma festa secular que conta um pouco da história da terra e que por isso faz relembrar quem somos. E quando feito em comunidade melhor.
Onde fica a Aguçadoura
Se não és da Aguçadoura, mas encontraste esta festa apenas porque provavelmente um dos teus artistas favoritos lá vai nada como saber um pouco melhor onde é e o que fazer na Aguçadoura.
A Aguçadoura é uma localidade localizada junto do mar, no município da Póvoa de Varzim um pouco acima do Porto. Não é uma terra muito grande, e estando junto ao mar a sua maior actividade é da pesca.
Não existe muito que fazer na Aguçadoura, mas de certo que vais gostar de apanhar uns belos banhos de sol nas suas praias/dunas. Como fica muito perto da Póvoa de Varzim podes dar uma volta pela cidade que dá nome ao concelho e depois passar na praia da Aguçadoura antes de ir para a festa.
O convite está feito e num período onde existem festas um pouco por todo o norte, nada melhor que dá um salto a um (ou mais) dia(s) às tradicionais Festividades em louvor de Nossa Senhora da Boa Viagem, para apreciar mais do que uma festa uma tradição que tem mais de cem anos de história. Ah… e não se esqueçam de passam pela Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem que está no cartaz e fazer inveja a todos aqueles que vão para fora sem conhecer o que de bom temos cá dentro do nosso país.