Festas do Espirito Santo 2025 em Ponta Delgada

Programa
10 de julho, quinta-feira
18:00 – Largo da Matriz (Norte): Inauguração da Exposição de Fotografia “Divino em Objetiva 24 – AFAA”
18:30 – Largo da Matriz (Norte): Inauguração da tenda do Divino Espírito Santo de Alenquer
19:00 – Igreja Paroquial de São Sebastião – Matriz: Apresentação do livro “Ruralidade Micaelense” de Renato Cordeiro
21:30 – Igreja Paroquial de São Sebastião – Matriz: Conferência Inaugural sobre o Culto do Divino Espírito Santo proferida pelo Cônego Manuel Carlos Sousa Alves, Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres
22:00 – Igreja Paroquial de São Sebastião – Matriz: Concerto Inaugural pela Sinfonietta de Ponta Delgada, com estreia da “Cantata Festiva para as Festas do Divino Espírito Santo” do compositor Sérgio Azevedo
11 de julho, sexta-feira
20:00 – Mudança da Bandeira do Divino Espírito Santo acompanhada pela Banda Filarmónica Minerva de Ginetes (do Centro Municipal de Cultura até aos Paços do Concelho)
Praça do Município: Desfile da Charanga dos Bombeiros
Salão Nobre dos Paços do Concelho: Abertura do Quarto Espírito Santo
Tenda da Praça Gonçalo Velho Cabral (Portas da Cidade): Bênção da despensa do Espírito Santo
Paços do Concelho: Concurso de massa sovada (Júri convidado: Confraria dos Gastrónomos dos Açores)
Tenda da Praça Gonçalo Velho Cabral (Portas da Cidade): Arrematação da massa e do pão
Rua de Santa Luzia: Abertura do Bazar de Artesanato dos Centros de Idosos do Concelho de Ponta Delgada
Largo da Matriz (Sul): Abertura dos Quiosques de Solidariedade Social
21:30 – Palco da Praça do Município: Atuação do grupo musical Amigos do Divino
22:30 – Coreto da Festa – Largo da Matriz (Sul): Concerto da Filarmónica Minerva de Ginetes
12 de julho, sábado
09:00 – Instituições Particulares de Solidariedade Social: Distribuição das Pensões
12:00 – Campo de São Francisco (Coreto): Inauguração do Triato do Espírito Santo
12:15 – Campo de São Francisco: Partilha popular das Sopas do Espírito Santo
15:00 – Coreto Etnográfico das 24 Freguesias do Concelho (circuito: Avenida João Bosco Mota Amaral – Avenida Infante D. Henrique)
19:30 – Salão Nobre dos Paços do Concelho: Recitação do Terço Cantado pelo Movimento de Encontros
Jovens Shalom da Zona Pastoral Oeste de Ponta Delgada
19:30 – Coreto da Festa – Largo Matriz (Sul): Atuação do Grupo de Cantigas ao Desafio
20:30 – Coreto da Festa – Largo Matriz (Sul): Atuação do grupo musical Láis d’Alenquer
21:00 – Palco da Praça do Município: Atuação do grupo musical Brumas da Terra
22:30 – Praça do complexo das Portas do Mar: Concerto do artista internacional Jorge Ferreira
13 de julho, domingo
09:30 – Praça Gonçalo Velho Cabral (Portas da Cidade): Missa da Coroação (animada pelo Grupo coral litúrgico de São Sebastião)
11:00 – Tenda da Praça Gonçalo Velho Cabral (Portas da Cidade): Bodo de Leite
16:00 – Grande Coroação dos Impérios do Espírito Santo do Concelho de Ponta Delgada (Circuito: Campo de São Francisco, Rua Luís Soares de Sousa, Largo Dr. Manuel Carreiro, Avenida Infante D. Henrique, Rua Dr. José Bruno Tavares Carreiro, Rua dos Mercadores, Praça do Município)
20:00 – Palco da Praça do Município: Atuação da fadista Raquel Dutra
21:30 – Palco da Praça do Município: Concerto da Orquestra Ligeira de Ponta Delgada
Festas do Espírito Santo 2025 em Ponta Delgada: fé, folia e sopas para a alma
Se há tradição que continua a emocionar ano após ano nos Açores, é esta. As Festas do Espírito Santo, com toda a sua mística, cor e sabor, regressam a Ponta Delgada de 10 a 13 de julho. E, convenhamos, ninguém faz celebrações populares como os micaelenses.
Mas estas festas não são apenas um programa religioso — são uma expressão viva da cultura açoriana, misturando o sagrado com o profano, o silêncio das igrejas com a música dos coretos e o cheiro da massa sovada com o som das filarmónicas. E isso, honestamente? É uma bênção.
Quinta-feira arranca com alma e partilhas
O dia 10 começa em modo contemplativo: exposições, inaugurações, e um concerto sinfónico que promete pôr pele de galinha nos mais sensíveis. A nova Cantata Festiva do compositor Sérgio Azevedo vai soar na Igreja Matriz como quem reza com música.
E antes disso? Há livro novo — Ruralidade Micaelense — e uma conferência para quem gosta de saber o porquê das tradições que se vivem de olhos fechados. Spoiler: vale a pena escutar.
Sexta com sabor a massa e coração a bater
A 11 de julho, a cidade veste-se de festa com pompa e circunstância. Há mudança da bandeira, há concursos de massa sovada (com direito a júri de peso da Confraria dos Gastrónomos), e sim, claro que há arrematações. A verdade é que ver alguém licitar um pão com tanta paixão diz muito sobre o que estas festas significam.
À noite, os Amigos do Divino tomam o palco e, mais tarde, a Filarmónica Minerva de Ginetes faz o coreto vibrar. Parece simples, mas experimente estar lá no meio — sente-se qualquer coisa no ar que nem se explica.
Sábado entre sopas, fé e Jorge Ferreira
Sim, leu bem: sopas do Espírito Santo para todos. À hora de almoço, no Campo de São Francisco, acontece um dos momentos mais simbólicos e bonitos da festa — a partilha de comida, no espírito de comunhão e generosidade que move toda esta tradição.
Durante a tarde, desfilam as 24 freguesias com trajes e orgulho. E à noite? A cidade vibra com atuações populares e termina com chave de ouro num concerto de Jorge Ferreira, que dispensa apresentações. É para cantar, dançar, e (provavelmente) emocionar-se um bocadinho também.
Domingo de coroação e olhos marejados
O último dia começa com missa e culmina numa Grande Coroação que passa por algumas das ruas mais emblemáticas da cidade. É uma procissão imponente — coroas erguidas, mantos a brilhar ao sol, e rostos entre o orgulho e a devoção. Quem já viu, sabe do que falo. Quem nunca viu, devia.
À noite, há fado com Raquel Dutra e concerto da Orquestra Ligeira de Ponta Delgada, como se o festival dissesse: “Ainda temos mais para dar”.
No fim, não é só tradição — é identidade
As Festas do Espírito Santo não mudam muito, é verdade. Mas talvez seja esse o segredo. Numa época em que tudo parece efémero, saber que, ano após ano, esta celebração nos espera — com sopas quentes, massa doce, música e fé — é reconfortante. Como voltar a casa depois de muito tempo fora.
Se estiver por Ponta Delgada em julho, vá ver com os seus próprios olhos. E, se puder, leve um guardanapo — há sabores e emoções que se servem quentes e podem, sem aviso, escorrer pela cara.