L Agosto 2025 em Guimarães

Programa
1 de Agosto
André Henriques
Filipe Sambado
Party Dozen
Riot
2 de Agosto
Carlos Bica Quarteto
Evols
Club Makumba
Fejká
L’Agosto 2025 em Guimarães: música fora da caixa, calor dentro do peito
Quando agosto começa a aquecer, Guimarães não se limita a esperar que a festa venha ter com ela — vai buscá-la, com atitude, arrojo e um certo charme artístico difícil de imitar. O L’Agosto volta a transformar a cidade-berço num laboratório de sons alternativos, misturas improváveis e concertos que ficam a ecoar na pele bem depois do último acorde.
Nos dias 1 e 2 de agosto de 2025, os jardins da cidade voltam a ser palco de encontros improváveis entre o jazz, o rock experimental, a eletrónica ambiental e a pop que ainda arrisca. Este não é um festival de massas — é um daqueles que se ouve com atenção, sente-se no corpo e na alma, e se partilha depois num café com amigos que juram que “precisam mesmo de ir contigo no próximo ano”.
1 de agosto: canções com alma, ruído bom e um DJ lendário
Na sexta-feira, o cartaz abre com dois nomes da nova poesia sonora portuguesa: André Henriques e Filipe Sambado. Ambos com letras afiadas, vozes que não se apressam e melodias que carregam aquela melancolia bonita que só a música portuguesa consegue ter sem ficar piegas.
Depois, a energia muda completamente. Os Party Dozen, dupla australiana de saxofone e bateria, chegam para mostrar que o caos também pode ser dançável. Um verdadeiro murro sonoro no melhor dos sentidos. Para fechar a noite em alta, Riot, dos Buraka Som Sistema, assume o comando da cabine — e todos sabemos o que isso significa: ninguém sai dali parado.
2 de agosto: da contemplação à catarse
No sábado, a viagem sonora continua com Carlos Bica Quarteto, um dos nomes maiores do jazz português. Aqui, a calma é uma força. A seguir, os Evols mergulham-nos num shoegaze atmosférico que soa como se o Porto tivesse encontrado Manchester num bar de nevoeiro.
Depois, há ritmo — muito ritmo — com os Club Makumba, banda que cruza mediterrâneo com transe e rock, tudo com aquele sabor cru e tribal. E para encerrar? Fejká, produtor alemão, chega com a sua eletrónica etérea e emotiva, perfeita para embalar corpos cansados mas felizes.
Guimarães sabe curar com música
O L’Agosto não grita — sussurra. E talvez seja por isso que fica tanto tempo connosco. Há festivais que se vivem com os pés. Este, vive-se com a cabeça e o coração. E Guimarães, com a sua aura antiga e sempre inquieta, é o cenário perfeito para isso.