Festival do Crato
Aquela sensação boa de agosto a chegar…
Há algo que sentimos quando se aproxima agosto. Não apenas o calor ou as férias. É algo de importante que esperamos durante todo o ano. São as festas, os festivais, a ida à terrinha, mas no Alto Alentejo: é o Festival do Crato.
Sim, há um pouco por todo o país festivais maiores com cartazes de luxo que juntam dezenas de palcos no mesmo recinto. Muitas opções de escolha, muita comida, muitas pessoas, muito… tudo. Mas há por mais de 30 anos houve um festival que revolucionou a forma como vemos as festas tradicionais. A alma do Crato continua a ser a mesma, e não se vai ao festival apenas pelos concertos.
Vamos ao Crato, pelo ambiente, pelo campismo, pelas amizades que fazemos… e por ser no Alentejo.
O Festival do Crato: um clássico com alma alentejana
Para quem não conhece, o Crato é uma vila histórica com raízes medievais, onde já foi a sede da Ordem de Malta, por isso não é propriamente uma aldeia desconhecida da maior parte das pessoas.
No entanto em Agosto, o Crato transforma-se para receber as festas concelhias no centro da vila, que de há trinta anos para cá foram transformadas no “Festival”.
Tal como muitas festas por esse país fora que têm dois ou três dias de concertos e mais uns quantos de festas onde juntam a parte profana e religiosa, o Crato também soube crescer com calma para não perder a sua autenticidade.
Ao contrário da maior parte dos festivais onde há filas para tudo e mais alguma coisa, no Crato é tudo vivido com muita calma, e se antes tínhamos de ir até ao recinto da festa para ver os primeiros concertos, hoje em dia os primeiros concertos até vêm ao parte de campismo.
O Campismo
Sim, como qualquer bom festival não situado no meio da cidade, existe um recinto só para o campismo, e o Crato não brinca em serviço, e colocou o seu espaço do Campismo mesmo junto das piscinas.
Para muitos é a primeira experiência num festival. Com 13 ou 14 anos antes de ir sozinho para um Sudoeste ou Paredes de Coura nada melhor que passar por u estágio no Festival do Crato.
Apesar dos concertos se resumirem a 4 dias, os festivaleiros vão dois ou três dias mais cedo, e normalmente só saem do parte um ou dois dias depois do festival terminar, somando uma semana “de férias”.
Mais do que concertos: o Crato é uma experiência
Toda a vivência do Festival do Crato é uma experiência. E o Crato é diferenciado. Se nos primeiros dias é normal chegarem grupos de jovens com sacos e mais sacos de supermercados, a gestão dos recursos é muito importante, porque a única alternativa para comprar bens de primeira necessidade nem sempre tem o que se deseja.
Mas latas de atum, e salsichas nunca falta. E mesmo nas alturas de maior fome, dentro ou fora do recinto não falta boa comida. E se no jantar normalmente as foodtrucks do recinto tem tudo o que se pretendo, o almoço ou é feito no campismo… ou nas piscinas municipais.
As piscinas municipais do Crato
Digamos que os festivaleiros mais novos quando não estão no campismo ou no recinto, estão nas piscinas. Localizadas ao lado do recinto do campismo ,dispõe de várias piscinas e uma grande área de relvado bastante boa para dormir.
Para além da larga estadia matinal, quando a tenda começa a aquecer e já começa a apetecer o pequeno almoço, o almoço por norma pode ser “servido” nas instalações da piscina. Aquele pic nic de sandes de salsicha, pode ser uma versão low cost da bifana ou do cachorro que pode ser comido na piscina municipal.
Cartaz? Sim, mas não é o mais importante…
E por mais que dê excelentes notícias, o Festival do Crato sempre marcou por ter um cartaz com artistas nacionais e internacionais, pouco comuns para este género de festividades locais.
Se antigamente o palco era invadido pelas estrelas brasileiras da altura, pouco a pouco os britânicos começaram a surgir no palco principal do Crato. Falar do Palco Principal do palco é um eufemismo, porque na verdade, o único palco digno do nome, é o palco onde praticamente todos os artistas atuam.
Por isso, quem vai ao Crato não vai pela quantidade de artistas, pela quantidade de palcos, vai mesmo pela festa, pela convivência e pela experiência que só consegue ter Festival do Crato
Um festival que respeita o local onde acontece
Mas por mais que tenha crescido nas últimas décadas no público mais jovem, o Festival do Crato, nunca deixou de ser as Festas da vila do Crato. Quem entra no Crato naqueles dias, e não vai para a zona do campismo diz que há festas, mas que os artistas serão os tradicionais artistas de música ligeira que podem ser encontrados em qualquer terra pelo país.
As barraquinhas com comida tradicional alentejana, os concursos de artigos regionais, e atividades que podem ser encontradas nas festas do género.
Os restaurantes regionais continuam a laborar da mesma forma, e a vila continua a funcionar como funciona 365 dias por ano. Há noite o Crato ganha uma vida diferente.
“Já foste ao Crato?” — Porque toda a gente devia ir pelo menos uma vez
Muitos tentaram replicar a experiência do Crato um pouco por todo o país, mas poucos se mantiveram em actividade. E a verdade é que o Festival não é uma experiência da Câmara Municipal ou m golpe de Marketing passageiro. Teve um crescimento consistente ao longo dos anos, sabendo parar a dimensão quando o Crato se tornou pequeno para o buzz que foi criado.
Há semelhança com outros festivais rurais como é o caso do Bons Sons ou do Vilar de Mouros, o Festival do Crato é um festival a ir pelo menos uma vez na vida. Se não queres ficar a acampar, vai pelo menos ver o teu artista favorito, porque eles não vendem só passes, mas também vendem bilhetes diários. E aproveita enquanto estão baratos. Vais ver que vais gostar da experiência.