Festival Paredes de Coura
O Festival Paredes de Coura á difícil de descrever… é mais fácil. Apesar do cartaz ser a coisa que normalmente mais se fala, o cenário fantástico junto do rio Coura e a vibe no meio do verde é o se destaca para todos aqueles que vão ao festival. Quem foi dizer que o Paredes não é apenas um festival: é uma experiência.
E o mais curioso? Com o passar dos anos, e com o aumento de festivais um pouco por todo o país, a essência do Paredes mantêm-se. E enquanto todos os outros pretendem ser vistos e revistos através de fotos e vídeos, o Paredes de Coura continua a simplesmente a existir. E quem vai uma vez, nunca mais deixa de ir.
Como tudo começou — a alma nascida no Minho
Antes de ser uma referência no indie e do rock europeu o Festival Paredes de Coura começou como tas festas de música em Portugal. Organizada por um grupo de amigos apaixonados pela música alternativa a primeira edição do Paredes teve lugar em 1993.
Sim foi em 1993 que o festival começou. Nesta altura recorde-se os festivais de música em Portugal era raros. Os grandes concertos davam-se em grandes estádios em Lisboa, bastante longe do pequeno palco no Minho, longe de sonhar que ia receber grandes nomes da música mundial.
Nos primeiros anos, o Festival Paredes de Coura foi bastante diferente do que estamos habituados. Apenas com nomes portugueses, cerca de 2000 pessoas se juntavam no palco para ouvir grupos como os Ecos da Cave, Ena pá 2000 e Blind Zero.
O festival foi crescendo devagarinho com muito esforço local por exemplo da Câmara Municipal, e pouco a pouco foram atraindo as atenções nacionais e internacionais. Sem a internet, ou as redes sociais, era o boca-a-boca que levou o festival fora das fronteiras. E por mais que tenha crescido nunca perdeu o “aspeto familiar”.
Voltar a casa… mas com uma tenda às costas
Sejas do Minho ou de qualquer outra parte do país, ir a Paredes de Coura é como voltar a casa, mas com a mochila cheia de mantimentos como por exemplo latas de atum. A tenda continua a ser o objectivo principal e fundamental do festival, mesmo sabendo que no final não vai caber no saco original.
Mas a mais valia de encontrar e reencontrar amigos ali, repetir rituais como o descer da encosta quando se ouvem os primeiros acordes das músicas, ou acordar com o calor dentro da tenda e correr para o rio antes que fiquem sem lugar nas pedras. São coisas que não se explicam… vivem-se.
E mesmo todos aqueles que dizem “Já não tenho idade para acampar”… estão lá “batidos” no ano seguinte. O corpo reclama, mas o coração insiste em viver esta experiência só mais uma vez.
Entre o indie e o inesperado — a alma sonora do festival
Desde o início que o Festival Paredes de Coura (tal como o seu vizinho Vilar de Mouros) sempre apostou em grupos menos óbvios. Bandas emergentes, vozes novas e projetos fora do radar das rádios comerciais. Foi assim que mesmo antes de serem grandes passararm pelo anfiteatro grupos como Coldplay (2000), Arcade Fire (2005), LCD Soundsystem (2007), Nick Cave (2014), The National (2008) ou Tame Impala (2013).
Mas os nomes portugueses sempre foram o coração do cartaz do Paredes de Coura, sendo este o festival obrigatório para todos os grupos da cena indie no início da carreira. E ir ao Paredes de Coura é mesmo isso, é mesmo sem conhecer acreditar de que vai haver um excelente concerto que te vai ficar na memória mesmo que uma semana antes não fizesses ideia de quem era o artista.
A envolvência da vila — e aquela sopa caseira às 3 da manhã
Uma das coisas mais importantes do festival, é que nunca virou as costas à vila. Antes pelo contrário não há festival sem a vila de Paredes de Coura. Os cafés enchem-se, os restaurantes trabalham até muito tarde, e as senhoras fazem broa e bolos caseiros como se fosse natal.
Todos os visitantes do festival são como aquela família que volta no verão por altura das férias, e se for necessária hospitalidade, há sempre alguém pronto para receber e indicar o caminho desconhecido.
Só quem viveu sabe que ao subir a rua mais vale aquela sopa quentinha a meio da noite (madrugada) do que qualquer fast food que possa comer no festival.
O Couraíso existe mesmo
Para todos os que viveram, sabem quem o Couraíso existe mesmo, e está disponível uma semana por ano no anfiteatro natural do festival. Rodeado de árvores por todo o lado, e com o som da música a soar nos montes. É algo idílico. Muitos dirão que é o festival mais belo de Portugal e provavelmente não estarão longe da realidade.
Ao contrário dos festivais da cidade, que requerem tudo e mais alguma coisa, o Paredes de Coura mantem-se simples e único, sem néon, sem grandes fogos de artificio, apenas al luz que bate no rio no fim da tarde.
E ao contrário de outros festivais onde basta levar um saco de cama e vemos adolescentes amontoados por todo o lado, aqui é diferente. Pode-se dizer que o público vai dos 18 aos 50. E todos vão levar recordações e provavelmente vão trazer recordações, indo sozinhos, em casal ou em grupo.
Mais do que música: as conversas, os silêncios, os reencontros
Paredes de Coura é muito mais que música. Apesar de não ser perfeito, especialmente para quem está habituado aos confortos dos festivais da cidade onde vão dormir a casa, este é o festival que muitas vezes pela falta de rede, nos faz desconectar da realidade e conectar apenas com a realidade da natureza. É um mundo à parte.
Este continuará a ser o festival que não agrada às marcas, ao naming sponsor, aos transportes, ou a muitos argumentos que podia mudar o festival. Este é o festival diferente e diferenciado… quem gosta gosta, quem não gosta tem muita alternativa. Mas é difícil ir e não gostar.
Paredes de Coura para os 30 e tal: regressar com outros olhos
E este é o festival que vive-se e revive-se. Se na juventude íamos ao festival com a mochila cheia de cerveja barata, com 30’s já se leva uma boa garrafa de vinho e aprecia-se a paisagem, enquanto se ouve sons que ainda não se ouvem no Spotify. Mas é a sabedoria de quem foi e voltou mais tarde que dá valor a este festival em detrimento de outros.
O Festival Paredes de Coura é o m0mento único no ano que se pode ouvir música diferente num ambiente diferente com pessoas diferentes. A experiência única que pode vir com o Paredes de Coura é muito difícil de igual e por mais que outros festivais tentem igualar é difícil de imitar toda a tradição que carrega a música portuguesa e internacional do Paredes de Coura.