3 Fadistas portuguesas da nova geração
Não é fácil as comparações. Os tempos são diferentes, a divulgação da música é completamente diferente do tempo de Amália, mas todos os anos continuam a surgir novos talentos.
Se no tempo de Amália, eram por exemplo os filmes onde Amália Rodrigues cantava, veículos de divulgação do fado, hoje em dia, a divulgação das novas fadistas é muitas vezes feita pelas participações em músicas de outros artistas já bastante relevantes nesta geração.
A seleção destas três fadistas foi feita pela sua idade e pelo êxito já alcançado no curto tempo de carreira que já levam, existindo uma grande expectativa se vão ter carreiras, não comparando com Amália, mas pelo menos com Mariza ou Ana Moura, que são duas das fadistas com mais sucesso nas últimas duas décadas.
Sara Correia
Sara Correia é uma das cantoras de fado com mais destaque da sua geração. Apesar de não ter nascido num dos bairros mais tradicionais do fado em Lisboa, como Alfama ou Mouraria, Sara Correia nasceu numa família de fadistas. No entanto, em Marvila onde cresceu começou a aprender a cantar o fado desde os 9 anos no Clube Lisboa Amigos do Fado, por onde já passaram outros fadistas como Ana Moura ou Ângelo Freire.
Sara Correia cria uma das melhores experiências que pode ter em Lisboa, cantando em várias casas de fado desde os 12 anos, tendo ganho aos 13 anos, em 2007, a Grande Noite de Fado. Esta é uma das competições mais importantes desde género musical.
Algumas das suas grandes inspirações são os grandes nomes do fado como Amália ou Celeste Rodrigues, com quem canta apartir dos 15 anos na Casa de Linhares, em Alfama.
Em 2017, começou a carreira também nos filmes tendo participado em Alfama em Si, personificando Severa, tendo no ano seguinte participado numa série de televisão francesa para cantar “O Grito” que ficou conhecido por Amália Rodrigues.
Com dois álbuns “Sara Correia” e “Do Coração”, Sara Correia tornou-se bastante popular desde 2023 quando foi convidada para o The Voice Gerações e posteriormente o The Voice Portugal.
2024 e 2025 marca a presença de Sara Correia um pouco por todo o país com dezenas de concertos pelos maiores festivais nacionais, marcando se como uma das principais referências do fado nacional.
Bia Caboz
Bia Caboz nasceu na Madeira, e foi na madeira que começou a cantar. Na altura existia uma conexão de fado mais ligado ao Jazz de Amy Winehouse que era uma das suas maiores referências na área musical.
Com apenas 18 anos de idade teve o seu primeiro evento numa festa local, tendo cantado para milhares de pessoas. Nesse mesmo ano, conheceu duas das maiores referências do fado da atualidade: Ângelo Freire e Ana Moura. Com Ana Moura como sua “madrinha”, Bia Caboz começou a cantar em casas de fado em Lisboa.
O tema pelo qual ficou conhecida no grande público foi “Sentir Saudade” com o DJ Kura. Não é de todo natural ter uma fadista a cantar com um dj, menos normal seria à uns anos atrás uma fadista ser uma participação num tema com um rapper nacional, mas mais uma vez Bia Caboz passou as fronteiras musicais, tendo criado um sucesso com Piruka. “Fala-me a verdade” é até hoje um dos temas mais ouvido pela fadista madeirense.
Tendo lançado o seu primeiro álbum em 2025, prevê-se que os concertos possam-se multiplicar nos próximos anos, continuando a cantar em nome individual, com prestações onde vai misturando não só as músicas originais como algumas versões de fados bastante conhecidos.
Com apenas 24 anos de idade, é bastante cedo para definir Bia Caboz como uma das maiores referências do futuro do fado, mas nos últimos anos Bia tem dado que falar, e sendo bastante diferente da clássica fadista poderá ser um dos nomes a acompanhar nos próximos anos.
Teresinha Landeiro
Teresinha Landeiro ouviu pela primeira vez o fado um dia depois de ter feito 12 anos de idade. Depois de ter dito que costumava cantar em casa os temas de Ana Moura, que estava a cantar, foi convidada por Jorge Fernando, guitarrista que acompanhava a fadista.
Começou a cantar nas casas de fado ainda adolescente, tendo cantado com várias referências contemporâneas como foi o caso de Raquel Tavares, Carminho ou ou Hélder Moutinho.
Com apenas 13 anos de idade começou a escrever os seus próprios temas denotando que os temas que cantava no fado eram demasiado “pesados” para a sua idade.
Sendo um novo valor do fado desde cedo começou a ser convidada por várias entidades como o Museu do Fado, para cantar vários eventos como foi o “Há Fado no Cais” concerto realizado no Centro Cultural de Belém.
Outro reconhecimento foi o convite pelo presidente da República para cantar nas Comemorações do Dia de Portugal. Com vários singles, em 2022 cantou “A lei da recompensa” com a participação de Salvador Sobral.
Sendo três fadistas com percursos bastante diferentes, estes três nomes serão cada uma ao seu nível três referências da música nacional. Hoje em dia com um maior destaque para Sara Correia, é normal que se veja como uma das maiores certezas do fado em Portugal, mas a participação em vários temas de vários géneros musicais poderão levar Bia Caboz a uma popularidade entre os mais novos.
Independentemente do futuro destas cantoras portuguesas é de nomear a importância que a globalização da música trás todos os dias, para que o surgimento de novos valores possam levar a que o público possa voltar a gostar do fado como outras gerações apreciavam não só nos clássicos restaurantes de fado, mas também um pouco por todo o país nos auditórios ou festivais nacionais.