Festival Alive
NOS Alive: Onde a História da Música Também se Fez
Em Portugal, continuam a nascer festivais como se fossem cogumelos. Qualquer localidade ou organização que quer fazer uma festa um pouco maior dá o naming de Festival, cobra bilhetes e cria mais um das centenas de festivais que existem pelo país.
Mas quem cresceu nos anos 2000 sabem que NOS Alive é o festival que todos desejam ir. É aquele evento em que seria marcado com um imenso circulo vermelho no calendário de forma a não esquecer, não só da data como de pedir dinheiro aos pais para ir ao festival. Mas comecemos pelo início.
2007: Quando tudo começou… com Pearl Jam
Quem esteve no primeiro Alive deve de recordar-se que na altura ainda não tinha um naming sponsor. Muito antes de ser NOS Alive ou mesmo Optimus Alive, foi Oeiras Alive. E a primeira edição foi em 2007 começando com um cartaz de luxo.
Nada melhor que começar com Pearl Jam a cantar “Alive”. Mas o cartaz não se limitava a um grande nome internacional. O festival que agoora começava já vinha com força e para preencher os três dias tinha nomes como Linkin Park, Smashing Pumpkins, The White Stripes, Beastie Boys ou os portugueses Da Weasel.
Estávamos em 2007, e por isso não era de estranhar os Buraka Som Sistema, Sam The Kid ou Expensive Soul aparecessem no fim do cartaz, mas este festival tinha ambição de ser um dos maiores festivais nacionais.
Na altura, apenas existiam os festivais a norte, o Rock In Rio, e o Super Bock Super Rock e Sudoeste a sul.
Um palco para lendas (e lendas em ascensão)
Ao longo dos anos, o festival foi crescendo até ser o que é hoje em dia. Muitas estrelas passaram pelo palco principal, e a lista é bastante extensa. Radiohead, Depeche Mode, Coldplay, Metallica entre muitos outros atuaram com vista para o Rio Tejo.
Muitos deles actuaram primeiro nos palcos secundários e só posteriormente actuaram no palco principal como estrelas para milhares e milhares de pessoas.
Segundo a organização não existe um palco principal, sendo normal existirem concertos no Palco Secundário que poderiam estar perfeitamente no palco principal. Um dos exemplos foi Arctic Monkeys que tocaram pela primeira vez em 2014.
Nomes como Florence + The Machine, The XX, Buraka Som Sistema ou Alt-J tocaram primeiro nos palcos secundários para posteriormente apresentarem-se no palco principal.
Um festival, vários sons
Sendo desde cedo um festival de rock alternativo, mostrou que estava aberto não só aos maiores artistas e grupos mundiais mas também a surpresas que pouco a pouco se vinham a apresentar nos cartazes internacionais. O ecletismo pouco a pouco foi formatando o festival até nos anos mais recentes existir um palco só para fado.
Afinal foram estas permanentes alterações que mantiveram o Alive um festival actual, não se mantendo apenas fiel a um estilo de música, mas a um público que só por si também quer ver outros estilos musicais.
Um festival que cresceu com o público
Ao contrário de outros festivais, que têm uma faixa etária bem definida, como é o caso de por exemplo o Sudoeste, o Alive sempre foi se adaptando a vários públicos, permitindo que existisse sempre uma atração para as várias faixas etárias. Se existiam pessoas que iam ao Alive com 20 anos, hoje em dia com 30 ou 40 continuam a ir uma vez que vão sempre existir artistas no line-up que vai se desejar ver.
Hoje em dia, há mais zonas de descanso, há um palco de comédia, pouco a pouco vai havendo mais organização nos transportes, e por incrível que pareça, até o estacionamento parece que está a aumentar. Mas o festival continua a focar na música.
Aqueles concertos que ninguém esquece
Todos têm aquele concerto do Alive que nunca mais esquecerão. Nos primórdios possivelmente virão Bob Dylan, Pearl Jam ou Metallica. Mais recentemente provavelmente não se esquecem da primeira vez que virão Imagine Dragons em Portugal, ou o regresso dos Da Weasel, no mesmo dia.
E sim, o Alive tem sempre aquele nome que evidentemente todos têm a curiosidade de ver pela primeira vez, ou rever aquele clássico que já há muito tempo que não vêm. É esta a principal razão pela qual o Alive continua a ser o festival com mais destaque em Lisboa (pelo menos).
Música Portuguesa
Os portugueses desde as primeiras edições que tiveram lugar nos palcos do Alive. É difícil rivalizar com nomes de sucesso global, mas sempre existiu aquele fã, na primeira fila, no início da tarde, a ver o seu artista nacional favorito.
E muitos foram os destaques que passaram pelo palco principal do Alive. Mas nem só de palco principal é feito este festival. O Alive conta com vários palcos, e um coreto, onde os artistas principais ganham tarimba, não só do que é participar num festival desta dimensão, mas também como cartão de visita para futuros concertos.
Uma das iniciativas onde muitas bandas portuguesas actuaram no seu início de carreira foi o palco do pórtico, onde enquando as pessoas esperavam para entrar no festival podiam ver e ouvir algumas bandas que tocavam á entrada do Festival… a 5 metros do chão por cima do pórtico.
Não era só a música…
E sim, com o tempo o Alive deixou apenas de ser um festival, mas um ponto de encontro com amigos que muitas vezes não vemos à bastante tempo e reencontramos no Alive. Provavelmente nem sequer vamos ver os mesmos concertos, mas é raro não encontrarmos alguém conhecido no recinto do Alive.
O Alive deixou de ser apenas um local para ouvir música mas um sítio onde é obrigatório estar pelos momentos que são vividos naquele espaço e pelas memórias que se guardam por muito tempo.
Passado, presente… e futuro?
Ao longo de duas décadas o Alive construiu uma identidade que é reconhecida pelos portugueses e muito além das fronteiras nacionais. Um festival, junto a um rio, com sol, boa comida é algo raro de se encontrar na Europa por isso rapidamente os turistas (que pouco a pouco foram conhecendo Lisboa) tomaram o Alive.
Mas o festival que nasceu em Oeiras e que hoje em dia talvez seja o maior festival nacional, continua a ser uma das referências para todos aqueles que querem criar uma grande festa ou festival em Portugal. E assim irá continuar a ser, e mesmo quando o ambiente de festivais esteja um pouco saturado e alguns festivais históricos tenham de fazer pausas pela saturação do público, o Alive continua a reinventar-se.
Mais do que um festival, uma crónica coletiva
O Alive irá continuar nos próximos anos a dominar o cenário de verão em Oeiras (e Lisboa), recebendo alguns dos maiores artistas mundiais, e todos aqueles que querem ter pelo menos um dia diferente, podendo largar a mesmisse das suas vidas, e viver um dia de música, criando memórias para toda a vida.