Ao longo dos anos muitos festivais foram criando máquinas comerciais que levaram a crescer em número de assistência ou dias de espetáculos. O Rock In Rio, O Alive ou muitos outros festivais de grande dimensão são amplamente conhecidos por toda a população. No entanto, existem outros festivais com uma dimensão menor, mas que pouco a pouco têm trazido alguns dos artistas mais conhecidos no panorama mundial.

Um desses festivais é o Cool Jazz, que apenas de não ser conhecido como o seu vizinho Alive, é um dos festivais onde a população não vai pelas marcas ou pelo fogo de artificio, mas sim porque a música que é ali vista e ouvida não é normalmente ouvida noutros festivais ou noutras partes do país.

A origem do Cool Jazz

Antes de ser Cool Jazz este festival de Jazz chamava-se Cascais Jazz. Com a sua primeira edição em 1971, o festival organizado por Luiz Villas-Boas e pelo fadista João Braga trouxe ao Pavilhão Dramático nomes como Miles Davis. Esta foi a primeira visita a Portugal do trompetista que partilhou um ano antes o palco do The Isle of Wight Festival com Joni Mitchell, The Doors, The Who e Jimi Hendrix.

Ao longo de 13 anos, o festival continuou a ser organizado por Villas-Boas, tendo recebido alguns dos maiores nomes dos jazz como Ella Fitzgerald ou Duke Ellington. É difícil numerar todos os nomes de relevo que passaram pelo palco, mas Cascais nesta altura era sem dúvida a capital do jazz em Portugal.

Mais tarde o Festival passa a chamar-se Estoril Jazz com a programação de Duarte Mendonça. Neste período, a “linha” juntava alguns dos artistas mais conhecidos que passavam em Portugal não só no Jazz como no Rock. Relembre-se que foi no Dramático que passaram os Nirvana, na única passagem que fizeram por Portugal.

Cascais Cool Jazz

Mas foi em 2004 que surgiu pela primeira vez o nome Cool Jazz. Com a programação de Karla Campos este pretendia ser um festival que replicava alguns formatos mais internacionais. Tal como por exemplo no Montreaux Jazz Festival, a ideia era ter não só um cartaz que incluisse jazz mas também um cruzamento com outros géneros musicais como pop, soul, ou fol, sem esquecer o nosso fado.

A primeira edição do Cascais Jazz Fest não foi apenas organizada em Cascais. Como a promotora era a Junta de Turismo da Costa do Sol, o festival foi feito quatro concelhos: Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra. Os palcos eram nada mais nada menos que a Casa da Pesca, o Jardim do Cerco, a Cidadela de Cascais tendo eleirto por exemplo em Sintra, no recem inaugurado Olga Cadaval. Nomes como Adriana Calcanhoto ou Buddy Guy tocaram nesta primeira edição.

Ao longo dos anos seguintes, os espetáculos continuaram em Cascais, Oeiras e Mafra, tendo Sintra deixado de fazer parte do Cartaz. Nomes internacionais de grade renome passaram pelo festival como foram o caso de Diana Krall ou Norah Jones, tendo atuado também um nome que na altura ainda era desconhecido Jamie Collum. Muitos foram os nomes portugueses que atuaram nestes primeiros anos sendo os principais destaques os grandes nomes do fado actual como Mariza, Ana Moura, ou Teresa Salgueiro (depois de terem terminado os Madredeus). Do outro lado do oceano também vinham nomes conhecidos da MPB como Gal Costa, Maria Bethânia ou Caetano Veloso.

2006 – Kanye West

Se nomes do jazz, folk ou fado, nunca foram uma surpresa, houve um nome que causa alguma estranheza, especialmente depois da carreira que fez na música mundial. O primeiro concerto de Kanye West foi nos Jardins do Palácio do Marquês de Pombal. Já á altura o nome bastante conhecido internacionalmente, o artista fez se acompanhar por um septeto de cordas o que hoje em dia seria completamente fora da caixa. Mas aconteceu à quase 20 anos atrás.

2012 – O Festival muda-se para Oeiras apenas

Apartir de 2012 até 2017 o Festival passa a ser feito apenas em Oeiras, sendo os concertos divididos entre o Estádio Municipal no Parque dos Poetas e os Jordins do Marquês. Nomes grandes da música como Seal, Mark Knopfler, Lionel Richie ou Sting passam pelo festival enquanto outros como Jamie Cullum, Norah Jones, Diana Krall e os Buena Vista Social Club tornam-se quase como artistas residentes de tantas vezes que são acolhidos pelo festival.

Nomes grandes da música mundial juntavam-se a talentos emergentes nacionais, bem como nomes que já faziam carreira e digressões por território nacional. Não foi de estranhar ver nomes como Luísa Sobral ou o irmão Salvador Sobral (antes de ter ganho o festival da Eurovisão) actuar no Cool Jazz.

2018 – O regresso do festival a Cascais

Em 2018, o Festival retorna novamente a Cascais, tendo se estabelecido em múltiplos concertos entre o Parque Marechal Carmona e o Hipódromo Manuel Possolo. No entanto apesar da mudança de localização o talento dos artistas que passou pelo palco não foi diferente. Nomes como Van Morrison, Tom Jones, ou mesmo Jessie J passaram no palco nos últimos anos, continuarndo a receber os artistas residentes que continuavam a ter casas cheias, apesar das suas recorrentes presenças.

2024: Os 20 anos do Festival

Ao longo dos primeiros 20 anos do festival vários foram os naming sponsor que permitiram que o Cool Jazz mantivesse cartazes de topo com preços que levavam as pessoas a encherem os recintos. Empresas como a EDP e actualmente a Ageas são parceiras do festival que actualmente de 20 anos depois do seu ínicio tem 7 dias de concertos com nomes como os anteriormente referidos.

Ao fazer 20 anos, a celebração foi feita mais uma vez com um cartaz de luxo com a promessa que os concertos vão continuar a dar o melhor do jazz internacional, mas também um pouco de sonoridades diferenciadas em Portugal, levando pouco a pouco os melhores artistas nacionais ao palco do Cool Jazz.