10 cantores portugueses que marcaram os anos 80

Uma década que nos ficou na pele

A década de 80 foi muito intensa em Portugal, depois de uma revolução política, esta década foi caótica num país em constante mudança. Para além da revolução e da adesão à Comunidade Económica Europeia, a televisão a cores começou a chegar aos lares dos portugueses, e a explosão cultural começou nesta altura a fazer sentir-se.

A música no meio de tudo isto começou a ter um papel ainda mais importante em Portugal. A música portuguesa era bastante divulgada na rádio, e começam os primeiros programas de música na televisão ao vivo. Os estilos musicais começam a confundir-se embora que a música ligeira, o pop e o rock têm um papel fundamental na escolha do dia a dia.

Nessa altura o Festival da Canção era uma excelente montra da divulgação dos últimos sucessos dos principais artistas, e não eram apenas os mais novos que participavam, vencendo por várias vezes artistas veteranos.

Vamos conhecer a lista dos 10 cantores nacionais que marcaram a década de 80 do século XX.

Carlos Paião – O génio que partiu cedo demais

Quem cresceu na década de 80 certamente que conhece as letras de Carlos Paião mesmo sem querer. “Pó de Arroz”, “Cinderela”, “Play-back” foram temas que ainda hoje são ouvidos e cantados no karaoke, de tão boas que eram as letras de Carlos Paião. Eram letras que na altura pareciam apenas música ligeira, mas que só anos mais tarde foi reconhecida a importância que Carlos Paião teve nesta geração.

Carlos Paião

Em 1981, Carlos Paião venceu o Festival da Canção com “Playback”. Este ficou conhecido como um dos temas mais cantados do artista que também era médico, mas que todos o conheciam como o cantor popular. Carlos Paião faleceu muito cedo em 1988, deixando uma obra que ainda toca um pouco por toda a festa em Portugal.

Amália Rodrigues – A eterna rainha do fado… e muito mais

Pode ser estranho Amália Rodrigues ainda estar numa lista de cantores dos anos 80. Afinal a artista começou uma décadas antes, mas foi nos anos 80 que Amália se reinventou. Gravou com novos compositores, e deu voz a poemas mais modernos, provando que o fado não é peça de museu.

Amália Rodrigues

Num período que era normal lançar álbuns ao vivo, e Amália gravou uns quantos, em 1984 lançou o álbum Amália na Broadway, onde tantas outras vozes brilharam, a rainha do fado brilhou ao seu mais alto nível.

António Variações – O cometa que abalou tudo

Não dá para falar dos anos 80 sem falar de António Variações. Com um visual extravagante, e uma voz crua, António Variações era um espírito absolutamente livre. Era difícil definir o seu estilo musical, variando bastante entre o rock, o pop e o fado. Variações foi um pouco de tudo isso, e era mais que tudo… Variações.

António Variações

“Estou Além” é muito mais que uma canção. É um grito de identidade de um dos melhores artistas dos anos 80. Apesar de ter falecido precocemente a 1984, este continua a estar presente na música portuguesa continuando a existir vários grupos de tributo às suas músicas.

Dulce Pontes – Quando o fado muda de pele

Apesar de ter começado no final da década de 80, Dulce Pontes deu vida a uma nova música portuguesa. Já não era aquela música ligeira, mas sim a música que posteriormente ficou conhecida como World Music. Ela não via as fronteiras de Portugal como limites e rapidamente começou a ter mais concertos lá fora que cá dentro de Portugal.

Dulce Pontes

Apesar de ter explodido na década seguinte foi na década de 80 que construiu a sua carreira. Hoje em dia é bastante reconhecida por temas como “Lusitana Paixão” (com que ganhou o Festival da Canção de 1991) e “Amar Portugal” versão do tema de Ennio Morricone que continua um pouco por todo o mundo em celebrações formais. Um orgulho nacional.

José Cid – Entre o kitsch e o culto

José Cid continua a ser bastante difícil de definir. Apesar de ser um artista que começou na década de 60, ficou bastante popularizado na década de 80. Depois de ter lançado o álbum de rock progressivo “10.000 anos depois entre Vénus e Marte”, José Cid teve o seu pico de popularidade nos anos 80

José Cid

“20 anos” foi o tema que mais tocou na música românica na altura, sendo um tema que continua a tocar nas nossas rádios. Existem muitos que não gostam das músicas de Cid, mas temos de assumir que José Cid é por definição um dos artistas mais versáteis e completos da música portuguesa.

Lena d’Água – Voz, energia e muito carisma

Lena D’Água foi mais um dos ícones dos anos 80. A ex vocalista do grupo Salada de Frutas, ela trazia uma magia ao palco que só podia ser encontrada na sua voz (e beleza). Era normal para os adolescentes da altura terem posters dos seus artistas favoritos, e Lena D’Água estava entre a curta lista.

Lena D'Água

“Dou-te um doce” é um dos temas mais recordados de Lena D’Água que continuou a sua carreira, e ainda hoje em dia é reconhecida não só pelos seus temas dos anos 80 mas também de muitos outros temas que foi lançado ao longo da sua carreira. Mas quem não se lembra de “Olha o Robot”.

Rui Veloso – O pai do rock português

Rui Veloso foi o mais consensual da sua década. Rui Veloso e Carlos Tê contaram histórias do dia a dia de um Porto contemporâneo. As letras simples, com guitarras que soavam a rock, levavam jovens e menos jovens aos concertos do artista.

Rui Veloso no concerto

Temas como “Chico Fininho” foram marcos na música portuguesa dos anos 70 e 80, levando este cronista urbano a fazer centenas de concertos por todo o país, mesmo a realidades bastante diferentes do Porto retratado por Rui Veloso.

Herman José – A surpresa (muito) musical

Para muitos pode parecer estranho o que Herman José faz nesta lista dos melhores cantores dos anos 80. Mas os anos 80 foram um dos maiores filões da carreira do artista. Em colaboração com Carlos Paião, criou alguns temas bastante icónicos como foi o caso da “Canção do Beijinho”.

Herman José

Em 1983, com o tema “A Cor do Teu Baton” conseguiu ficar em segundo lugar no Festival da Canção, perdendo apenas para “Esta Balda que te dou” de Armando Gama. Grande parte dos temas que ainda hoje apresenta no repertório dos seus espetáculos, vem do tempo dos anos 80 e 90.

Jorge Palma – Entre o piano e a poesia crua

Houve um artista nos anos 80, que pouco a pouco foi se aproximando do estrelato. Ele não necessitava de efeitos especiais nem de refrões chiclete. Basava um piano e alguma da melhor poesia que foi escrita nessa década. Cada vez que cantava, a alma surgia sem filtros.

Jorge Palma

O rebelde Jorge Palma, cantou temas como “Deixa-me rir” ou “A Gente vai continuar” que tornaram-se hinos da resistência nacional. Sempre meio perdido e meio apaixonado, Jorge Palma foi daqueles que não necessitou de seguir tendências para ser um dos maiores artistas nacionais dos anos 80 e 90.

A música como espelho da memória

Lembrar os anos 80, não é apenas revisitar os artistas que na altura brilhavam entre os discos e as cassetes. É sentir a música com interferência do rádio ligado, e lembrar a cassete a encravar no walkman com os temas que preferíamos.

Hoje em dia ouvimos alguns destes clássicos, e lembramos da saudade que temos dos momentos vividos nos anos 80, onde não existia internet ou Spotify, mas existiam clássicos, artistas nacionais que se tornaram lendas da música nacional.