Ana Lua Caiano

Ana Lua Caiano: A Voz da Nova Tradição Portuguesa

Com apenas 25 anos, Ana Lua Caiano é uma das artistas mais promissoras no panorama da música contemporânea portuguesa. A sua carreira rapidamente ganhou um interesse especial depois da pandemia.

Confinada em casa começou a explorar a fusão entre a música tradicional portuguesa e a música eletrónica que invade as rádios nacionais. Ela própria criou o seu estilo musical que apelido de “folktrónica”

Formação e Primeiros Passos

Desde muito nova Ana Lua Caiano começou a ter uma grande ligação com a música. Começou os seus estudos de piano com apenas seis anos de idade e frequentou o curso regular do Hot Clube de Portugal, onde permaneceu por quatro anos.

A sua formação musical é bastante diversificada, incluindo influências do jazz, tendo passado por vários grupos enquanto vocalista.

Durante o confinamento Ana Lua começou a lançar-se na composição e produção musical a solo. Utilizou não só o sintetizador, como o bombo tradicional, o adufe, o brinquinho e outros objectos do nosso quotidiano para criar os seus primeiros temas, criando uma sonoridade única que tem sido bastante apreciada pelo público e pela crítica especializada.

A regra era interessante: Ana Lua escrevia uma música por semana, enquanto Joana (a sua irmã) criaria um vídeo para acompanhar o tema. Com bastante inspiração não só nas tradições portuguesas das regiões da Beira Alta, Minho ou Madeira, Ana Lua Caiano foi criando os seus primeiros temas.

Influências

Com indicado no artigo da Songlines, Ana Lua Caiano foi habituada a ouvir música portuguesa nas viagens que fazia com os seus pais. No entanto, não se limitava a ouvir o que os pais davam-lhe e como jovem rebelde que era, ouvia também Portishead, Björk, até mesmo Chico Buarque e Cesária Évora, provando que para além de rebelde também tinha bom gosto.

No entanto, a sonoridade e a multi-instrumentalidade também tenha tido inspiração nos artistas pré-revolução de 74 como eram o caso de Zeca Afonso, José Mário Branco e Fausto.

Discografia

EP “Cheguei Tarde a Ontem” (2022) e EP “Se Dançar É Só Depois” (2023)

O seu EP de estreia foi lançado no pós-pandemia tendo apenas seis faixas com temas que relatam alguns dos problemas atuais como os amores tóxicos, o stress ou o medo da morte.

Álbum “Vou Ficar Neste Quadrado” (2024)

Em 2024, Ana Lua Caiano lança o seu primeiro álbum:”Vou ficar neste quadrado” pela editora alemã Glitterbeat. O seu novo álbum tem como primeiro single “Deixem o Morto Morrer” o que levou Ana Lua a atuar em alguns dos mais importantes festivais internacionais como WOMEX, Roskilde Festival e Reeperbahn.

Prémios e Reconhecimento Internacional

Desde muito cedo, começou a ser bastante reconhecida a nível internacional e para além do reconhecimento e dos convites para vários festivais surgiram os primeiros prémios.

Em 2024, Ana Lua Caiano foi nomeada para três globos de Ouro, tendo vencido na categoria de “Melhor Canção” com o tema “Deixem o Morto Morrer”. Para além dos prémios nacionais foi nomeada para os prémios Music Moves Europe, destinados a artistas emergentes da União Europeia.

O seu trabalho é cada vez mais destacado a nível internacional tendo surgido em publicações como a revista GQ, o jornal francês Le Monde e a publicação Songlines, sendo destacada em todos os meios como uma das vozes mais originais da música portuguesa.

Concertos de Ana Lua Caiano

Tendo sido lançada por uma editora alemã, a projeção internacional foi muito maior que a divulgação em Portugal. Embora ainda hoje seja uma das artistas mais ouvidas no Spotify e pesquisadas no Shazam, Ana Lua Caiano ainda não terá a projeção no mercado nacional, como muitos outros artistas.

No entanto, os festivais internacionais têm reconhecido o valor desta jovem cantora e têm dado palco aos temas e à multiculturalidade da artista.

Em palco, Ana Lua Caiano mostra como criou os seus temas mostrando um pouco da one-girl band que é , mostrando não só os skills de multi-instrumentalista, mas a expressividade na voz que não ouvíamos desde o tempo do projeto de Deolinda com Ana Bacalhau como front-woman.

Perspetivas Futuras

É fácil entender que Ana Lua Caiano tem um brilhante futuro pela frente se continuar com este ritmo de produção e criação de novos temas.

Não é expectável que continue a produzir um tema por semana como fazia em tempos da pandemia, mas o facto de conseguir a solo escrever e produzir os seus temas é uma grande mais valia, não tendo dependências de terceiros para os seus temas.

O reconhecimento nacional deste género musical irá rapidamente chegar às rádios e por consequência aos palcos nacionais. O facto de não ser um pop-rock fácil, poderá ser uma faca de dois gumes. Poderá por um lado ser um facto diferenciador que poderá chegar facilmente aos principais palcos de world music nacional, mas poderá ser uma dificuldade para chegar a um público mais massificado que está habituado a ouvir som mais chiclete.

Novidade

O público nacional é demasiado antigo para este folk de Ana Lua Caiano. Provavelmente, os temas de Ana Lua Caiano vai chegar facilmente a festivais mais regionais em Portugal, mas os seus temas de música que conecta o tradicional com o sintetizador, vai chegar muito fácil a festivais internacionais, levando o caminho que muitos grupos em Portugal levaram, quando em Portugal não tiveram o destaque desejado como foi o caso, por exemplo dos Madredeus.

Primeiro estranha-se e depois entranha-se, e talvez é o que vai acontecer com os temas de Ana Lua Caiano. Vai começar por ser estranhado por não estarmos habituados a este tipo de construção melódica, mas entrando no ritmo, será difícil parar de ouvir não só Ana Lua Caiano, mas outros artistas que têm marcado pela diferença nos últimos anos.

Ana Lua Caiano é com apenas 25 anos uma das artistas mais promissoras com as suas músicas, e mesmo cantando em português o que para muitos pode ser um handicap, pode chegar com a sua instrumentalidade a cativar todos aqueles que não entender o significado das suas letras.

Nós estaremos cá para ouvir os novos temas de Ana Lua Caiano e para anunciar todos os seus sucessos, que prometem ser mais que o habitual na maioria dos artistas na música nacional.